6 de maio de 2024
Autor: Marta Cunha
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crónica, autoimune e multissistémica, que se caracteriza por promover inflamação das articulações.
Há vários tipos de artrite, com causas diversas. Esta doença autoimune que atinge principalmente as pequenas articulações interfere de forma importante na qualidade de vida e no dia-a-dia de cada doente.
Apesar de a causa da artrite reumatoide não ser ainda completamente conhecida, sabe-se que há uma reação anormal do sistema imunitário contra as articulações.
Pensa-se que pode resultar de uma interação entre a carga genética individual (fatores que aumentam a suscetibilidade individual) e o ambiente (fatores iniciantes ou desencadeantes), que se traduz na perda de tolerância imunológica.
- Tem uma prevalência de cerca de 1% na população ocidental.
- Entre os fatores que aumentam a suscetibilidade individual incluem-se o sexo, a idade e a história familiar:
- Atinge as mulheres mais três vezes do que os homens;
- O risco aumenta com a idade, particularmente depois dos 50 anos, sendo a idade média em que se manifesta 30-40 anos;
- É mais comum quando ocorreu em membro da família, mas não é uma doença de transmissão genética.
- Entre os fatores desencadeantes, incluem-se:
- O excesso de peso;
- O consumo excessivo de açucares e alimentos processados ricos em hidratos de carbono;
- O consumo de tabaco;
- O stress;
- Infeções bucais e digestivas.
Sintomas de artrite reumatoide
Os sintomas de artrite reumatoide desenvolvem-se progressivamente. Habitualmente, são atingidas as pequenas articulações das mãos, pés, afetando progressivamente punhos, cotovelos, ombros e joelhos.
Os sintomas articulares são principalmente:
- Eritema ou vermelhidão articular;
- Calor, sensibilidade e dor ao toque;
- Edema;
- Rigidez.
A dor pode ser persistente, mas na maioria dos casos predomina durante noite, originando microdespertares noturnos, que se traduzem a longo prazo em fadiga crónica com irritabilidade fácil e sintomas depressivos.
Geralmente a dor é acompanhada de rigidez articular, que é habitualmente mais marcada nas primeiras horas do dia e melhora posteriormente.
Ao longo do tempo, se não tratada a artrite reumatoide pode traduzir-se em deformidade articular característica dos dedos das mãos (dedos em colo de cisne), em falta de força e em diminuição da funcionalidade.
A artrite reumatoide pode também originar problemas em vários tecidos e órgãos, entre os quais:
- Alterações da densidade mineral óssea com aumento do risco de fratura;
- Problemas de visão;
- Formação de nódulos sob a pele;
- Dificuldade respiratória com patologia pulmonar estrutural.
Contudo, tanto a apresentação inicial, como os sintomas, gravidade, evolução e complicações da doença podem variar de pessoa para pessoa.
Diagnóstico
Para o diagnóstico de artrite reumatoide contribuem:
- A história de sintomas e sinais relatados pelo doente;
- Alterações ao exame físico / anamnese realizada pelo médico em consulta;
- Os resultados de diversas análises e exames de imagem.
Sempre que ocorra uma dor articular intensa de predomínio noturno associada a rigidez articular matinal com limitação da mobilidade e da função das articulações atingidas devem ser procurados cuidados médicos e relatada uma história o mais completa possível.
Por vezes, o cansaço sobretudo matinal e o edema articular que surge de forma inexplicada são sintomas chave que levantam a suspeita da doença.
Tratamento da artrite reumatoide
A artrite reumatoide é uma doença crónica que não tem cura. No entanto, pode ser tratada de uma forma eficaz, com um bom prognóstico em termos de funcionalidade articular e qualidade de vida. O objetivo do tratamento é:
- Controlar os sintomas;
- Minimizar as lesões irreversíveis das articulações;
- Preservar a função das articulações;
- Melhorar a qualidade de vida.
O plano de tratamento da artrite reumatoide pode incluir:
1. Medicamentos
Nos últimos anos, houve uma melhoria substancial nos medicamentos usados no tratamento da artrite reumatoide.
- Melhoraram as estratégias de tratamento, com um uso mais eficaz dos medicamentos modificadores de doença já existentes;
- Surgiram novos medicamentos que permitem que os doentes tenham uma qualidade de vida normal, sem dor e sem limitação funcional.
Os medicamentos que podem ser usados no tratamento da artrite reumatoide pertencem a vários grupos: anti-inflamatórios não esteroides (AINE), antirreumáticos modificadores da doença (DMARD), corticosteroides, agentes biológicos. Todos com benefícios e efeitos secundários potenciais requerendo um manuseio e acompanhamento próximo com um profissional treinado.
Frequentemente, é necessário conjugar vários medicamentos de vários grupos em diferentes doses até ser encontrada a melhor opção, verificando-se existir uma variabilidade interpessoal muito importante.
Assim, na escolha dos medicamentos para tratamento da artrite reumatoide há múltiplos fatores a considerar, entre os quais:
- Fase da doença e características da sua evolução;
- Resposta ao tratamento prévio e efeitos secundários;
- Necessidades e particularidades individuais, incluindo outras doenças presentes.
2. Alterações do estilo de vida com adoção de hábitos saudáveis, incluindo:
- Alimentação saudável, com maior opção por alimentos com características anti-inflamatórias (pobres em açucares e hidratos de carbono);
- Atividade física regular, focada na mobilidade e amplitude dos movimentos articulares, bem como no equilíbrio, força e resistência;
- Não fumar, especificamente para diminuir o risco de infeções respiratórias.
3. Fisioterapia e terapia ocupacional;
4. Psicoterapia cognitivo-comportamental;
5. Em casos graves, cirurgia para alívio da dor e melhoria da funcionalidade.
O acompanhamento multidisciplinar e uma abordagem biopsicossocial são de extrema importância no seguimento dos doentes com este tipo de patologia.
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